sábado, 2 de dezembro de 2017

Dica de leitura: Oppenheimer


Sem dúvida, Oppenheimer (Julius Robert Oppenheimer - Nova Iorque, 22 de abril de 1904 - Princeton, 18 de fevereiro de 1967) foi um dos maiores físicos do século XX, mas que não ganhou o prêmio Nobel de Física. Um pequeno livro, formato de bolso, tenta mostrar os aspectos humanos e as contribuições desse personagem complexo em mundo que se tornava cada vez mais bélico e louco. O livro é de autoria de José Maria Filardo Bassalo (Lattes aqui) e Francisco Caruso Neto (Lattes aqui), dois caras que entendem muito de física. Ao londo do texto são apresentadas várias referências acadêmicas sobre os trabalhos científicos citados. No posfácio do livro lemos (Alfredo Marques - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas):
A vida intelectual e efetiva de John Robert Oppenheimer, minuciosamente trabalhada neste livro, evoca a figura do mito histórico, tão imensa foi sua atuação em grandes temas político-científicos que marcaram o turbulento século XX. Com extensa faixa de interesses culturais e científico, seu pensamento parecia acomodar temas contraditórios, a espera de melhores provas para selecioná-los, alterativas extravagantes, beirando mesmo o impossível. Encantavam-no grandes desafios. 
A forte personalidade, exuberante cultura e impulso desassombrado que o levou algumas vezes à brutal agressão, inspiraram também manifestações de poetas, músicos, romancistas, teatrólogos, alunos e colegas de trabalho. Ninguém teve dele uma opinião rigorosamente neutra, balançando entre extremos, do profano ao sagrado, segundo sua atuação. 
Atuou nos desenvolvimentos científicos mais significativos do século XX, dos fundamentos da Mecânica Quântica à Radiação Cósmica e à Cosmologia. Suas contribuições, muitas vezes incompletas, mas suficientes para indicar caminhos, lhe valeram a acusação de displicente. Teve algumas indicações mal sucedidas ao Prêmio Nobel de Física. Alguns dos que perseveraram ao longo das linhas que abriu, mas não concluiu, se contam, entretanto, entre detentores daquela premiação. 
Como Diretor Científico do Laboratório de Los Alamos foi figura do maior destaque no desenvolvimento da bomba atômica. A despeito de seus numerosos relacionamentos com membros do partido comunista americano, seu irmão Frank e sua cunhada, para não falar da mulher com quem casou, a chefia do Projeto Manhattan decidiu ignorá-los, e assim fez enquanto os Estados Unidos e a USSR combatiam do mesmo lado da segunda guerra. Considerou também que o desenvolvimento da bomba incorporava desafios sem precedentes, distribuídos por uma extensa faixa de problemas novos cuja solução demandaria não apenas ideias e conhecimentos inovadores, mas atuação ousada e pronta. Estas condições fizeram de Oppenheimer a escolha ideal. O apelido que nasceu no auditório de uma conferência que fez na Holanda logo se generalizou. 
Dado o clima de afeto e familiaridade emanado do uso de apelidos, entendo que representa o acato dos contemporâneos à importância de sua controvertida figura.

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